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OPINIÃO: Falsos silogismos e a eleição de mentira

Silogismo é expressão derivada do grego "syllogismos". Ela significa conclusão ou inferência lógica e dá nome à teoria argumentativa desenvolvida por Aristóteles para, a partir de duas proposições, uma genérica e outra específica, se chegar a uma conclusão lógica perfeita, esta tida como "conclusão silogística". Assim, por exemplo, se eu tenho como premissa genérica que café fraco é ruim e como premissa específica que o café da Ana é fraco, eu posso concluir que o café de Ana é ruim, mesmo sem ter necessariamente provado seu café e sem ninguém ter me dito propriamente o quanto ele é ruim. Porém, nem todas as situações são tão simples e, muitas vezes, a ignorância em relação a certas variáveis pode nos conduzir a conclusões equivocadas.

Se supormos, por exemplo, que diferentes lugares podem ter sua periculosidade medida pela quantidade de pessoas que ali morrem e que num hospital morrem mais pessoas que num estádio de futebol, poderíamos, então, concluir que um estádio é mais seguro que um hospital. Essa conclusão, no entanto, é obviamente falsa, porque parte de premissas insuficientes e ignora variáveis que certamente repercutiriam na conclusão final. Trata-se de um falso silogismo, ou como também se poderia dizer, de uma falácia. As falácias, no entanto, nem sempre decorrem de simples ingenuidade, ou desconhecimento, podendo, também, ser fruto de má-fé, como ocorre quando alguém afirma algo com base em premissas sabidamente falsas, ou descartando propositalmente outras variáveis que seriam importantes para uma conclusão correta.

Eis o ponto a que quero chegar. Estamos presenciando agora, em 2018, um processo eleitoral permeado por uma quantidade impressionante de falsos silogismos oriundos de todos os lados, com o nítido objetivo de desnortear o eleitor e, assim, obter vantagem na busca por votos. Nesse jogo de mentiras generalizadas, obviamente, quem perde é o processo democrático e o debate político, que ficam absolutamente desprovidos de diálogo e de razão. E o pior: não se percebe por parte do eleitorado médio qualquer esforço mínimo no sentido de se defender dessas conclusões erráticas. O eleitor vem, do lado direito e do lado esquerdo, aderindo apaixonadamente a falsos silogismos, baseados em premissas inexistentes, chegando, inadvertidamente ou não, a conclusões equivocadas para fundamentar seu voto.

Por mais que as estatísticas do TSE digam que a corrupção não é exclusividade de um partido, por mais que o governo da Alemanha tenha afirmado que o nazismo é um movimento de extrema direita e por mais que não haja nenhum indício real de manipulação das urnas eletrônicas, não faltam pessoas espalhando boatos conspiratórios com base em premissas absurdas, para não dizer criminosas. A enxurrada de "fake news" que hoje verificamos não é nenhum acaso. É o combustível para essa anestesia intelectual generalizada. Não sei quem será o vencedor das eleições em 2018. Mas sei que ela nos deixará muito sobre o que lamentar no futuro. Aguardemos.

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